quinta-feira, agosto 03, 2017

Mulher que vendia remédios controlados sem receita é presa em flagrante no Rio

Tatiane Cerqueira integra quadrilha que oferece na internet inibidores de apetite, anabolizantes e até abortivos, sem receita médica. Polícia agora busca identificar fornecedor dos medicamentos.


Por Marcelo Bruzzi, GloboNews


GloboNews flagra venda livre de emagrecedores de uso controlado, anabolizantes e abortivos

A busca pelo emagrecimento é uma batalha para muita gente, e para perder peso rápido alguns recorrem a remédios de uso controlado, os famosos "tarja preta": inibidores de apetite que precisam de receita médica, mas são livremente negociados na internet, sem qualquer orientação profissional. Uma integrante de uma quadrilha que atua nesse mercado negro foi presa nesta quinta-feira (3), no Rio de Janeiro.

Tatiane Cerqueira, de 27 anos, foi presa na praça de alimentação de um shopping na Zona Norte do Rio. Ela, cuja atuação já vinha sendo investigada, se preparava para fazer uma entrega de remédios vendidos ilegalmente quando foi surpreendida por dois policiais civis.
Tatiane foi levada para a Cidade da Polícia, também na Zona Norte, e indiciada pelo crime de venda de medicamento proibido. A pena prevista para o crime é de 10 a 15 anos de prisão. A polícia agora tenta identificar a fonte dos medicamentos comercializados pela quadrilha.

Em anúncios divulgados por aplicativos de troca de mensagens, a promessa de perda de 10 quilos em apenas um mês atrai muita gente, mas as pessoas que oferecem soluções para o emagrecimento rápido não são médicas e estão cometendo um crime.

"A maioria das pessoas quer perder peso rápido. Elas ganham 20 quilos em dois ou três anos, mas querem perder 30 em dois ou três meses, daí essa busca por tratamentos mais rápidos, que de certa forma as pessoas esperam que sejam milagrosos", analisa o médico Rodrigo Moreira, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

Em um dos grupos do Whatsapp que oferece remédios controlados ou até proibidos no Brasil, há cerca de 200 pessoas cadastradas, de vários estados. Um casal do Rio de Janeiro anuncia os "tarja preta", além de produtos contrabandeados. Os vendedores dão até orientações sobre como usar os medicamentos, e os compradores parecem não se incomodar com os riscos à saúde.

"Se tem ou não tem autorização eu não sei, mas o que importa mesmo é o preço, muito em conta. Sem falar na acessibilidade, porque na farmácia você não pode comprar um remédio desses, porque precisa de receita. Eu não tenho problema em comprar, pra mim não importa", declara uma compradora, em mensagem de áudio.

Numa rápida troca de mensagens, a reportagem encomendou uma caixa de sibutramina e marcou a entrega para uma praça da Zona Sul do Rio. O entregador é o marido da vendedora, Eduardo, que diz já ter feito duas entregas do remédio naquele dia e garante a procedência do produto.

"Pode ficar tranquilo, é [de] farmácia. Meu amigo tem uma farmácia e ele faz o pedido. Então eu falo pra ele que quero 'X' mercadorias, aí ele traz para mim", conta o homem, que anuncia também anabolizantes e abortivos, não demonstra preocupação com a polícia e ainda cita o possível envolvimento de médicos no esquema.

"Porque eu sou farmacêutico, posso manipular uns remédios, então pra mim é tranquilo. Qualquer coisa, posso pegar receita no hospital. Ligo para o médico, converso com ele, que prescreve [o remédio] para mim e acabou", garante Eduardo.
Titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), Daniela Terra confirma que os casos de venda indevida de remédios pela internet vêm aumentando. "Esse tipo de crime tem aumentado, é proporcional ao uso da rede social pela sociedade, e infelizmente as pessoas continuam comprando, mesmo sabendo que a medicação é proibida", afirma a delegada, acrescentando que a polícia vem monitorando diversas quadrilhas.

"Infelizmente as pessoas têm a visão de que por estarem numa rede social e usarem perfis falsos não serão identificadas. Mas isso não ocorre: todo crime deixa rastro, pela internet ou não", alerta Daniela Terra.


Em junho, o governo federal liberou a produção de inibidores de apetite derivados da anfetamina, que estavam proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2011. Agora, as farmácias podem vender esses medicamentos, como a sibutramina, desde que o paciente apresente a receita azul do tipo B2 preenchida pelo médico.

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